quarta-feira, 23 de julho de 2008

TUBO DE ENSAIO

Às vezes me sinto uma estrangeira
como se minha arma não fosse a palavra.
É que trago em mim uma poção mais letal
que qualquer tapa na cara.
Meu sangue é vermelho
de um vermelho perverso e maldito
e meu surto é um susto
acostumada que estou aos sobressaltos do corpo.
Mas não há dor nem arrependimentos
apenas dias em que me observo
como lâmina a cortar o espelho
onde já me admirei
e hoje não me reconheço.
Estou com prazo de validade vencido
como vencida está a minha tolerância
aos preconceitos e à ignorância humanas.
Mas quando me defronto com estas tiranias
sem o peso da vaidade
consigo ultrapassar os limites da carne
e viver além do fim.
de Adriana Monteiro de Barros

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